Sunday, March 25, 2007

In the sky with diamonds

Hoje eu nao acordei. Fui arrancada da sonolencia pela voz tremula e metalizada da minha mae ao telefone me dizendo a pior coisa que eu podia ouvir. Estupidamente, fui jogada de encontro a realidade cruel e fria, a qual eu no podia nem presenciar, nem imaginar.

Estar longe tem dessas coisas. Eu vivo de imagens nebulosas, vozes baixas na memoria, artificiais ao telefone. Sentimentos de 0 e 1 quando eu escrevo “te amo e estou com saudades”; tudo parece tao distante no tempo e perto no coracao.

Se eu pudesse escolher, estaria em lugar-algum agora. Onde eu pudesse acordar de verdade desse pesadelo terrivel que nao me liberta nem quando as minhas lagrimas frias escorrem no rosto vermelho de quem nao sabe nem o motivo do choro. Eu nao consigo acreditar, e nao consigo parar de chorar.

Queria ter amigos aqui, queria estar ai com os amigos, queria abracar… mas, na verdade, o que eu queria mesmo era ouvir a voz do Bruno denovo, dizendo qualquer coisa, mas dizendo. “Muita coisa acontece em seis meses” ele me disse da ultima vez que nos vimos. Queria que fosse mentira.

Assim que a minha mae me disse, chorando, que o meu amado amigo havia partido, so uma coisa me veio a cabeca: lucy in the sky with diamonds. E eu nao consigo tirar essa musica da cabeca desde entao.

O Guaragna ama Beatles. Na minha casa, certa vez, desfilava seu vasto conhecimento sobre a discografia da banda enconto faziamos um dos famosos churrascos da turminha da Cyberfam.

Eu espero que ele tenha chegado la num barco num rio, com arvores de bergamota ao redor sob um ceu de marmelo. Espero que alguem tenha chamado ele, e ele tenha visto vagarosamente, impressionado com a beleza do lugar. Espero que esse alguem seja uma menina com olhos de caleidoscopio capaz de ajuda-lo a ver o colorido de la e daqui.

Espero que ele encontre flores de papel celofane amarelas e verdes, pontes, fonts, taxis de jornal, retratos de pessoas vestidas em glass ties.

O Bruno levou consigo uma parte de nos. Me fez diferente, muito diferente, e vai continuar me fazendo diferente a cada dia que eu lembrar dos momentos que passamos. No Runo sempre vai faltar alguem pra por o capacete do pai, pra falar mal das musicas que eu ouco, da minha mania de discutir com os motoristas ao redor, pra me ensinar mil vezes o caminho para a Lagoinha, para dizer tchau e nao baixar o pino da porta.

If I could stay, then the night would give you up… stay, then the day would keep its trust. Stay, then the night would be enough.

Faraway, so close. Infelizmente, com satellite television you can’t go anywhere. A minha musica favorita da banda que o Bruno nem gosta tanto assim.

And if you listen, I can’t call. And if you jump, you just might fall, and if you shout I’ll only hear you.

Nao foi o bastante. Nunca eh. Ainda espero que tu estejas no aerporto quando eu chegar. Eu nao consegui te dizer, espero que tu ouca: te amo. Nunca vou esquecer de nada.

In the sky with diamonds, sao tres da manha. Um silencio e nao tem ninguem por perto. So um estrondo e um sino.. como se um anjo caisse no chao.

3 comments:

Aline Bianchini said...

Amei o teu texto. Quando falaste do capacete, lembrei de um episódio no sítio da Nanda, quando o Guags colocou o capacete do teu pai e corria atrás de um cachorro, fazendo barulhos estranhos com a boca...haha como ele me fez rir!
saudades, muitas saudades

Fernanda Arechavaleta said...

É a Nanda Arechavaleta
Lindo o texto!
Bjus

Morena said...

Que merda, minha amiga. Que merda...