Friday, January 19, 2007

Rapidinhas

Eu tinha horrores de coisas pra escrever nesses ultimos dias, mas tava com preguica. Agora acumulou, portanto, como elas nao tem nenhuma relacao entre si, ai vao “por partes”. Ta em ordem crescente de relevancia, contrariando os ensinamentos textuais do professor Leonam, onde a primeira eh a menos importante e a ultima eh a mais. Afinal, voces tem que ler tudo, oras!

Para ingles ver

Enquanto voces reclamam do Faustao por ai, eu sigo achando que a tv aberta daqui eh uma porcaria em termos de conteudo. A programacao varia entre reality shows idiotas; jogos de esportes mortalmente boring como cricket, sinuca ou dardos; game shows para todas as habilidades, desde escolher a caixa certa no “Deal or no Deal” ate ser um expert na lingua inglesa em outros tantos; filmes muito antigos (bem mais antigos que os da sessao da tarde) e, por ultimo e mais importante: o Celebrity Big Brother!

Alias, o Celebrity Big Brother nao esta so no seu horario nobre todas as noites. Desde a semana passada ele esta nos periodicos impressos (os gratuitos e os nao-gratuitos), nos telejornais regionais e nacionais, e, principalmente, na boca do povo (e dos politicos ingleses). Nao se fala em outra coisa desde que uma atriz Bollywoodiana, Shilpa, foi vitma (ou nao, esse eh o debate) de racismo (sim, eh essa palavra que eles usam) durante o programa ao ser insultada por outras pessoas da casa. O blablabla foi tanto que autoridades indianas exigem pedidos de desculpas por parte do canal de tv que transmite o programa. Alias, ontem no noticiario desse canal (Channel 4) o apresentador entrevistou a secretaria da cultura inglesa a fim de saber o que deve ser ou sera feito a respeito. Na faculdade, no metro, nas esquinas… so se fala sobre isso. Eu me abstenho na maior parte do tempo.

As mulheres de Erico

Se bem me lembro das aulas do querido professor Bondan no segundo grau, Em “O tempo e o vento”, o tempo eram os homens e o vento, as mulheres. Se Erico Verissimo fosse vivo e morasse aqui em Londres, ele com certeza diria agora algo do tipo “E alem de tudo, estao de TPM, todas”.

Isso porque o tempo (meteorologico) da inglaterra anda mais bloddy crazy que nunca. Ta ventando tanto que ontem mostraram no telejornal um video feito por um celular (eu juro que quero muito comentar isso, e vou em outra oportunidade) de uma mulher sendo jogada pelo vento contra a parede de um predio no centro da cidade. As pessoas se agarravam aos postes, o servico de trem intermunicipal parou, algumas estacoes do tube ficaram sem funcionar (inclusive a minha da faculdade), as linahs que nao passam por debaixo da terra andavam ridiculamente devagar para os vagoes nao sairem dos trilhos… uma loucura.

Inclusive eu presenciei uma cena das mais bizarras. Estava no bar/refeitorio com algumas colegas quando simplesmente uma janela do salao explodiu. Assim, do nada. O suporte de madeira da janela nao suportou o vento e o vidro quebrou em mil pedacos em cima de duas gurias e um cara que estavam sentados na mesa de frente pra rua. Nao sei se eles se machucaram, nao deu pra ficar la. Imaginem que com a forca do vento que entrava pelo buraco formado, os pedacos de vidro voavam pelo refeitorio. Todo mundo bateu em retirada.

Especialistas analisam e sentenciam: (oh nao!) ou eh a maior crise te TPM em massa ja vista por aqui, ou sao ventos revoltados vindos da India....

O dia em que eu deixei de ser inglesa

Sim! Eu mal cheguei e ja deixei de ser inglesa. Nao to louca, explico.

Nesses dias de ferias eu estive aproveitando as ferias em si. Ficar sozinha, pensar, meu amigos dai, os novos amigos daqui. Logo que comecaram as aulas, eu entrei numas de “meu Deus! Muitas coisas pra fazer” e, por mais que eu lutasse contra, virei inglesa por uns dias. Comecei a corer pelo lado esquerdo da escada rolante, procurer emprego alucinadamente, me preocupar com a roupa pra lavar, a comida por fazer, as contas pra pagar. Virei inglesa.

Entao, na quarta-feira dessa semana, fui a uma entrevista de emprego. Era pra fazer frila de edicao de video. Eh uma agenciade criatividade que distribui designers, editores, criativos por ai.

Mas antes da entrevista, eu tive aula de European Media. Well, varios desafios:

1- Entender o que a professora dizia, ja que ela eh daquelas pessoas timidas que nao conseguem falar em publico e, portanto, falava quase pra dentro enquanto apertava o relogio de pulso que segurava com forca na mao direita;

2- Descobrir que ela estava falando da Uniao Europeia, sobre a qual eu nao sei quase nada e que, portanto, terei que estudar muito extra-classe;

3- Tentar nao surtar quando ela disse que na proxima aula eu tenho que apresentar 3 minutos sobre a midia em Portugal e que dia 14 de Fevereiro eu tenho uma apresentacao de 15 minutos valendo 40% da nota do semester sobre segmentacao na midia europeia. Sim, ainda sem sucesso.

Entao sai, atrasada e meio surtada, da aula e fui para a entrevista. Foi legal, fiz um teste facinho de edicao e assinei contrato. O que, honestamente, nao sei se queri dizer muita coisa, porque, como eu sou frila, dependo ainda de ter demanda de trabalho. Toca, telefone, toca…

Depois da entrevista, em Westminster, sai meio atordoada e dei de cara com o Big Ben. Foi esse o momento. Deixei de ser inglesa. Parei de corer e fiquei caminhando devagarinho na margem do Tamisa ate Embankment. Fui para a Waterloo Road, passeo pela Waterloo Bridge, continuei andando, sem destino ate a estacao de tube mais proxima de onde eu fui para Leicester Square encontrar o pessoal (Kika, Beto e Minna) pr air a um pub.

Desse dia em diante, deixei de ser londrina: nunca mais me acostumarei com essa cidade, ela eh bonita demais pra isso.

Sobre como eu devia (ou nao) ter usado protetor de orelhas nos ultimos dias

O vento londrino acabou com os meus neuronios. Entrou pelos ouvidos e baguncou tudo la dentro. Depois de uma semana de aulas em Westminster (como cansa aula em ingles, meu Deus!!!!), muitas coisas mudaram no que diz respeito ao “o que eu quero fazer da minha vida, oh ceus”.

Certezas sacudidas, verdades desmentidas, planos anulados, me deixarei levar pelo que acontece agora. Na disciplina de segunda-feira, descobri que eu ainda quero (muito) saber mais sobre essa tal midia de massa na qual eu tanto nao acredito. Na de quarta, tive certeza de que eu estou no lugar certo, no momento certo, pra acompanhar essas mudancas significativas no modo de comunicar.

Depois da aula de ontem, e, ainda bem, o professor nos liberou da aula de hoje (que eh a mesma) para pensarmos sobre os projetos que faremos durante o semester, tudo mudou. Voces ainda vao muito ouvir falar de producoes em multicamera, TV e como eu ja nao sei de mais nada, aguardem.

Projetos do semestre:

Na aula – fazer um dvd pra uma banda de rock, desde o cenario e a formulacao do formato e da composicao do conteudo ate a execucao de tudo isso; desenvolver, produzir, gravar e elaborar uma revista eletronica sobre musica. Sim.

Fora da aula – Descobrir o que eu quero fazer da vida. Muitas pistas. Poucas certezas.

All the way to Reno...

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